ENEMganados!

ENEMganados de novo?

Desde o ano passado, o ENEM apresenta diversas crises. Mas seu problema vai muito além dos erros de organização, impressão, gabarito e vazamento de provas.

Afinal, qual é o caráter do ENEM? Anunciada inicialmente como uma avaliação da “qualidade” do ensino nacional, ele serve também como  processo único de seleção para algumas universidades públicas, conta pontos em outras e é ignorada pela USP, UNESP e UNICAMP.

Ou seja, a grande questão é anterior à prova: o ENEM não resolve o problema da falta de vagas nas universidades pública. Mesmo que todos os estudantes fossem bem na prova, a falta de vagas excluiria boa parte destes.   Apesar do mercado do vestibular insistir que a culpa ou mérito é do estudante, os maiores problemas são a falta de vagas no ensino superior público, que se utiliza de mecanismos injustos e excludentes de avaliação, como o vestibular e o ENEM.

E só os estudantes podem transformar isso. Vamos juntos construir uma nova alternativa!

ENEM, vestibular e acesso à universidade:

Sexta-feira, dia 19/11/2010 às 17:30h no prédio de

Filosofia e Ciências Sociais da USP

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Mais de 4 milhões de brasileiros e brasileiras deixaram de fazer a prova do novo ENEM. E a culpa é de quem? Os responsáveis pelo vazamento são parte importante desse problema. Mas eles somente mostraram os problemas do novo ENEM.

Desde o anúncio da nova prova, pouco (ou nada) se discutiu sobre o assunto.
As Universidades Federais do país tiveram que se adequar rapidamente ao vestibular unificado.

Os colégios e cursinhos correram atrás do conteúdo que seria cobrado na prova.
E foi também às pressas que o Governo Federal, de olho nas eleições do ano que vem, planejou a logística da prova. A segurança falha levou ao cancelamento da prova e ao gasto de milhões de reais para tentar corrigir os erros!

Essa irresponsabilidade atingiu a vida de todos, já que a prova do ENEM não mais ajudará nos principais vestibulares do país, afunilando ainda mais o acesso à universidade pública.

Por tudo isso, nos sentimos ENEMganados pelos responsáveis dessa nova prova com tantos velhos problemas. Se você também se sente assim, junte-se a nós!

Traga sua indignação!

Contra essa farsa do ENEM
Ato público
DIA: 9/10, às 18h
Em frente à TV Gazeta – Avenida Paulista, nº 900

(próx. ao metrô trianon)

20 Respostas para “ENEMganados!

  1. Patrícia Lorenzi Piccoli

    Chega de nos fazerem de palhaços!!!!! vamos tomar uma atitude o que mais me irrita é o descaso dos mais prejudicados os estudantes que iriam fazer a prova isso não pode ficar assim! uma sugestão que estão divulgando na net é irmos com uma camiseta preta escrito Luto pela educação ou colocar narizes de palhaço. Agradeço desde já quem aderir a uma destas sugestões

    • Vitão

      Patricia, é uma sujestão válida. Estarei lá e devemos nos esforçar em chamar sem temor nossos colegas de cursinho, faculdade, escola e etc.

      Forte abraço de um ENEMganado!

  2. Não consegui ligar um fato ao outro. Alguém pode me explicar direito o porquê dessa enganação?

    • Marina

      Temos muitos motivos para nos sentirmos enganados:

      1) tinhamos uma prova pra fazer que contaria pra nota de vários vestibulares como FUVEST e da UNICAMP e que não vai mais contar -o que prejudicou o plano de muita gente que iria prestar estes vetibulares.
      2)Esse processo de unificação do ENEM não foi discutido com ninguém, foi uma medida IMPOSTA pelo governo.

      “Coincidentemente” toda essa “transformação” só acontece no último ENEM antes das eleições presidenciais.
      Fomos vítimas de uma medida eleitoreira, arriscada e inconsequente do MEC e temos que protestar.

      • Marina. Obrigado pela resposta.

        O que eu nao entendo é uma coisa; o Enem não é obrigatório. Porque as pessoas que se inscreveram estão se sentindo lesadas se as regras para o vestibular são bem simples: estude, empenhe-se, esteja no local e na hora exata, que passarás. Porque o enem é o responsável por promover a enganação se o intuito principal é avaliar o desempenho do aluno secundarista em primeiro lugar e, consequentemente, ajudar no ingresso nas universidades.
        Outro ponto que nao consegui ligar, foi a questão da medida imposta pelo governo. Porque o governo imporia uma coisa que não é obrigatória pra ninguém. Só presta quem quer. Além do mais, não é uma boa que o governo queira mudar as regras do vestibular, que tanto prejudicou tanta gente todos esses anos, tornando-o mais atrativo para quem está de fora? Eu acho que a discussão do viés eleitoreiro da coisa, também foge à amplitude do ENEM. Toda e qualquer medida do governo é eleitoreira. Nao importa qual. Além do mais, qual é a melhor forma de protesto nesse caso? colocar um nariz de palhaço e uma camiseta preta pra aparecer na home do uol em uma foto de dar pena, com alguns dizeres vexatórios? Por favor, me explique melhor essa história.

  3. Nathalie Gingold

    Interessante discussão sobre algo completamente sem fundamento.

    O governo não impôs nada, nós é que declaramos voto à ele, nada mais normal. Ainda mais com toda a participação brasileira na política, que de fato, se resume à reclamações e mídia.

    Agora, reclamar que não vai poder mais ganhar uns pontinhos nas belas e fatídicas provas das principais universidades do país é triste.

    Vamos acordar.
    Tem coisa muito mais importante para se manifestar.
    A não ser que o interesse seja somente entrar na faculdade. E se for só isso mesmo, é melhor voltar para os livros. Rápido.

  4. Fernanda

    É obrigação do governo é dar ensino de qualidade e gratuíto para a população, sem que tenhamos que ficar nos digladiando por uma vaga nas universidades públicas. Esse ensino deveria ser fornecido pelo governo através de recursos acumulados pelos impostos pagos por nós e que, por sinal, serão usados para que, ao invés disso, eles corrijam os erros acarretados pela falta de segurança e funcionalidade no sistema das provas utilizado pelo Enem.
    Além disso, grandes universidades como a Unicamp, por exemplo, não farão mais uso da nota do Enem para contar pontos no seu vestibular. O resultado é o aumento da dificuldade para ingressar na Universidade pública, o que torna o direito de todo cidadão de ter educação gratuíta de qualidade ainda mais distante de nós.

    • Hum Fernanda. Acho que você está certa quando diz que é obrigação do governo em dar ensino de qualidade e gratuito para a população, já que isso está na nossa constituição. Faz 10 anos que o enem é feito e agora que aconteceu o problema de falta de segurança (ou seria um problema de falta de ética tão presente na sociedade brasileira?) é que temos que protestar. Há 10 anos atrás, o sistema de ingresso nas universidades brasileiras era assim: estude, inscreva-se e passe. O que eu nao concordo é colocar a responsabilidade por ingresso à faculdade no governo através do enem. A ferramenta nao é pra isso somente. Serve pra avaliar o ensino médio. E se o ensino médio está assim é porque TAMBÉM, universidades formam péssimos professores. Não vejo um aumento da dificuldade, vejo um movimento que me parece o doce roubado da criança. Um criança que está acostumada em ter o doce sem fazer muito esforço. Essa discussão deveria ser levada de forma circular: as universidades são obrigadas a usar de ferramentas para ter alunos, porque o ensino médio é péssimo, porque o ensino fundamental é pessimo e consequentemente, ela vai formar um profissional de ensino péssimo que continuará rodando esse círculo. O ENEM engana aqueles que precisam dele porque não entendem que a raiz do problema não é o ENEM. Eu entendo completamente o problema social de dificuldade de ingresso na universidade. Porém eu vejo que o problema atual do ENEM e o real motivo de protesto, não é o dinheiro gasto dos impostos que pagamos, e sim, a falta de ética da sociedade brasileira. Isso é o grande motivo de protesto.

  5. Pedro

    Eu discordo um pouco do comentarista cá: não acho que os pontos a mais do ENEM são uma forma de conseguir o “doce” com menos esforço. E acho absolutamente díficil comparar a dificuldade de exames como a FUVEST há 10 anos com o exame agora. O exame era muito diferente, tinha mais questões… pode-se argumentar que, por ter mais questões, era mais “fácil” conseguir pontos… Enfim, é uma discussão pouco objetiva.

    Mesmo assim, acho que é forçar um pouco a barra se sentir “ENEMganado”. Como já foi dito, o ENEM tem como função principal avaliar a qualidade do Ensino Médio. Esse ano ele foi reformulado para que funcionasse como acesso a várias universidades, ganhou mais um dia de prova e muitas questões… e é de fato interessante que o estudante de ensino médio, ao concluir o colegial, já tenha um passaporte para uma boa universidade pública (se tiver uma boa nota no ENEM). O que a FUVEST e a Unicamp fazem é usar a nota do ENEM pra compor a pontuação, mas isso não tem nada a ver com o Inep. São decisões que competem só a essas entidades.
    Não me parece que o vazamento da prova tenha feito parte de uma conspiração para tirar pontos de estudantes na FUVEST.

    As pessoas que tiveram que pagar o ENEM (ou seja, aqueles que já terminaram o Ensino Médio e os estudantes de escolas particulares) podem ter seu dinheiro devolvido.

    Leiam os comunicados oficiais das universidades. A USP, por exemplo, optou por um novo cálculo na nota da primeira fase dos alunos que escolherm o INCLUSP. É uma decisão muito sábia, diga-se de passagem: os alunos das escolas públicas não serão “prejudicados”, considerando que são eles os mais vulneráveis no vestibular.

    A universidade pública é um direito, sim. Mas isso nada tem a ver com o ENEM. A crueldade do vestibular pode ficar mais evidente quando a nota do ENEM deixa de ser usada aqui ou ali, mas ela sempre existiu independentemente do Inep. Os estudantes de escolas particulares caras, com ou sem a nota do ENEM, ainda vão ter certa vantagem no vestibular das universidades públicas.

    • Cibele

      Algumas considerações:
      “Há 10 anos atrás, o sistema de ingresso nas universidades brasileiras era assim: estude, inscreva-se e passe.” não é assim, e nunca foi, pois o número de vagas sempre foi menor que o de candidatos. E a conquista de uma vaga não é diretamente proporcional com a quantidade de dedicação do estudante aos estudos, pois há uma série de fatores socias envolvidos nisso. A qualidade do ensino básico é a principal delas, mas não é uma questão isolada. E a proporção de candidatos que são treinados durante anos, nas melhores escolas do país, pra abocanharem as vagas das universidades públicas, pode não estar preocupada com não-uso da nota do ENEM.
      No entanto, para os alunos que vem de escola pública, que trabalham e estudam, que fazem anos de cursinho pra disputar uma vaga, a nota do ENEM faz diferença, sim.
      Os dados do INCLUSP apontam que o programa precisa ser reformulado, que a “ajuda” que ele dá é ínfima, se comparada com a pontuação do ENEM (um exemplo: minha irmã obteve 1,5 pontos pelo INCLUSP e 5 pontos pelo ENEM, em 2008).

      O ENEM pode não ser obrigatório a todo estudante do ensino médio, mas se torna obrigatório a quem está prestando vestibular e, por isso mesmo, as pessoas se prepararam o ano inteiro pra esse “Novo ENEM”, que foi tão propagandeado na mídia, com novo formato, simulado online, ninguém sabia direito como ia ser, um suspense imenso, um marketing danado em cima do novo exame.
      Se, talvez, não fosse essa excessiva propaganda (feita sim pelo MEC, pra se auto-promover, pra mostrar, às vésperas das eleições, como o governo federal está preocupado com a qualidade do ensino, não se tratando, obviamente, de uma conspiração pra tirar pontos da FUVEST, ninguém tem mania de perseguição aqui), talvez não chamasse a atenção dos ladrões da prova. Talvez…
      Aliás, o MEC que ano que vem vai financiar uniformes para os alunos da educação básica, com o logotipo da União.
      São todas estratégias de auto-promoção.

      Agora, me digam: se o ENEM existe a 10 anos, qual o uso feito com seus resultados para melhoria do ensino médio? Porque esse alarde agora?
      Tal qual o ENADE, que também existe a + de 10 anos (o Provão, da época FHC), e o que foi feito desde então pra garantir a qualidade do Ensino superior? Usado apenas pra fazer propaganda de universidades particulares…

  6. Pedro

    Concordo, Cibele. Só que, como eu disse, há uma crueldade intrínseca ao vestibular que independe do ENEM.
    Revoltar-se com o não-uso da nota do ENEM em vestibulares como o da USP e o da Unicamp é uma forma de fortalecer o sistema do vestibular como ele é hoje.
    O vestibular está errado, com ou sem o acréscimo da nota do ENEM.
    Não sei que outro sistema poderia ser eficaz para selecionar pessoas, no entanto. Acho que é uma longa batalha que começa com mais verba para a educação e, consequentemente, mais vagas nas universidades.
    Enfim, ao reduzir o problema ao ENEM, a impressão que se tem é que a única preocupação é garantir a própria vaga na universidade (a vaga de um estudante carente de escola pública, enfim).
    De novo, o não-uso da nota só escancara um problema profundo da educação brasileira que merece mais atenção. Admiro que os “ENEMganados” tenham percebido que alguma coisa está errada, mas repudio a sensação que tenho de que a única preocupação deles é com suas próprias vagas nas universidades.

  7. Concordo em gênero e número e grau com o pedro. E sim, o sistema do vestibular é simples: estude, inscreva-se e passe pois isso independe de ter vagas ou não nas universidades. Isso é outra questão pois em nenhum lugar do mundo existe vaga para todos que querem entrar. O sistema tem de ser classificatório. Agora uma pergunta, cibele: Se o alarde eleitoreiro do MEC é o problema como você aprontou, porque então a campanha não se volta pra isso, pro carater eleitoreiro da coisa, da falta de ética, do marketing que não deveria ser feito. Se está tão claro na sua cabeça que é esse o problema, como um blog com um nome exdrúxulo, com um texto exdrúxulo pode fomentar tal indignação? Como o pedro bem disse, a preocupação de ter uma vaga na universidade não resolve o problema do vestibular, muito menos o social

  8. Cibele

    Cá: pra que tanta raiva, tanta agressividade, numa conversa???
    Essa eu não entendi…

    Uma correção ao seu texto: Em Cuba há vagas para todos no ensino superior.
    Mas eu não converso com quem já parte pra grosseria gratuitamente.

    Pedro, o vestibular é, sim, um problema, e nunca discordamos disso. Nossa luta é pela democratização do acesso à universidade. Pautamos todas as nossa ações, inclusive essa, pontual, sobre o ENEM, pensando no todo, que é a desigualdade da oportunidade de acesso.
    A nossa discussão e nossas práticas no dia-a-dia remetem a isso, ao problema de conjunto, que é o acesso à universidade, e nisso entram diversas questões, como ENEM, ações afirmativas diversas, como cotas, políticas de permanência estudantil, etc.

    • Pedro

      Entender essa ação como uma que é pontual dentro de um conjunto de ações para a democratização do acesso à educação superior faz mais sentido, Cibele.
      Convido à reflexão: não seria essa ação uma muito pequena, talvez até certo ponto mesquinha? Explico-me. Os pontos extras do ENEM, como tentei mostrar anteriormente, são uma muleta para o acesso a educação parecer mais democrático. É válido lutar pela saúde dessa muleta?
      Acho mais eficiente jogar a muleta no lixo e cuidar do aleijado, para que caminhe com as suas próprias pernas. Mais fisioterapia.
      Seria interessante comparar o exemplo de Cuba (que desconheço). Se lá o sistema anda bem com suas próprias pernas, não teria sido porque o uso da muleta em um momento foi descartado?

  9. Oi cibele. Não tem raiva no meu texto não. Não me leia mal. É que essa conversa ta constantando o que venho dizendo desde o começo. Tanto você, quando a fernanda e outros acabaram por escrever as mesmas coisas que eu, só que de outra forma. A gente converge nas idéias..só que elas estão mal canalizadas. É esse meu questionamento. Enfim.

  10. Pessoal, quantas pessoas fizeram a prova do pasusp?

  11. Valéria

    O Enem deveria ser uma referencia nacional e não um sistema falho; o intuito do Enem é avaliar o ensino de nossas escolas públicas , mas com a desão das universidades federais ao Enem a maioria dos alunos preparam-se em pré-vestibulares, como avaliar assim o ensin do país?INDIGNAÇÃO TOTAL.

  12. Um absurdo mesmo. Parabéns pela iniciativa pessoal.

    Pra somar a isso só a eleição do Tiririca, que parece assunto velho, mas é assim mesmo – nos fazendo esquecer – que eles nos fazem de palhaços!

    Espero que um dia isso mude… será?

    Reinaldo Luz Santos
    http://www.ebomserdobem.com.br

  13. Yuri Bareti

    Vamo contra isso, NAO VAI FICA ASSIM NAAAAO. !

  14. Daniel

    Caraca
    quebraram minha perna e a ainda por cima mataram o português. sujestão, putis, se é para criticar ao menos façam de forma correta, imagina a redação do individuo. É certo que a falta de uma politica de controle de qualidade faz esse fato tornar-se cada vez mais comum, assim como a corrupção em toda a camada da humanidade.

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